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Hospedagens caras da COP30 travam confirmações e Brasil rejeita cobrir custos de delegações

23/08/2025

Menos de um quarto dos países confirmaram presença; ONU quer mais subsídio, mas governo brasileiro cobra maior participação da organização




A três meses da realização da COP30, a cidade de Belém, sede do evento, enfrenta uma crise nas reservas de hospedagem. De acordo com o governo federal, dos 196 países convidados, apenas 47 formalizaram presença com acomodação garantida. Desse total, 39 fizeram reservas pela plataforma oficial do governo brasileiro; os demais fecharam diretamente com os estabelecimentos, como Egito, Japão, Noruega, Portugal, Arábia Saudita, República Democrática do Congo, Singapura e Espanha.


O impasse entre o Brasil e a Organização das Nações Unidas (ONU) gira em torno do financiamento das diárias. A ONU sugeriu que o governo brasileiro subsidiasse parte das acomodações para países em desenvolvimento, proposta já rejeitada nesta sexta-feira (22) durante reunião de autoridades brasileiras. Segundo o governo, já há investimentos expressivos em infraestrutura e logística para viabilizar a conferência.


Atualmente, a ONU oferece US$ 144 por dia para cada delegado de um país pobre. Mas, os valores das diárias na plataforma oficial superam os US$ 350. O Brasil propõe que a ONU aumente esse valor para ao menos US$ 250, o que se aproximaria dos custos em cidades como São Paulo ou Rio de Janeiro, sem chegar aos US$ 400 pagos em locais como Bonn, na Alemanha.


Diante do baixo número de confirmações, o governo federal anunciou uma força-tarefa que inclui os ministérios do Meio Ambiente, Relações Exteriores, Turismo e a Secretaria da COP30. O objetivo é entrar em contato direto com as delegações para entender os entraves e sugerir soluções viáveis. Segundo o secretário extraordinário da COP30, Valter Correia, o foco inicial são os países mais pobres, que enfrentam maiores dificuldades com os custos.


O Brasil flexibilizou o sistema de reservas, permitindo que delegações escolham pacotes de 10 dias em vez dos 15 dias anteriormente obrigatórios, como tentativa de reduzir o impacto financeiro. O governo estadual também está sendo acionado para sugerir opções de hospedagens alternativas, como condomínios e imóveis privados.


Uma carta assinada por 29 países chegou a pedir a troca de sede do evento, devido aos altos preços. O Brasil rechaçou a sugestão e reafirmou que a conferência permanecerá em Belém. Em reunião recente, Miriam Belchior, secretária executiva da Casa Civil, afirmou que a ONU precisa “sair da zona de conforto” e assumir maior protagonismo na busca por soluções financeiras.


Apesar da pressão, o governo avalia que o encontro com a ONU ajudou a diminuir a tensão. Também destacou vantagens como a assistência médica garantida pelo SUS e a aprovação do plano de segurança para a COP30.


Por fim, a equipe brasileira reiterou que respeita os limites de intervenção no mercado privado. Embora faça articulações para reduzir valores considerados abusivos, reforça que atua dentro da legalidade e de um sistema de livre mercado.



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