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02/09/2025
William Bonner se despede do “Jornal Nacional”, telejornal diário noturno da Globo, nesta semana, encerrando uma trajetória de quase três décadas como rosto do principal telejornal da Globo. A decisão faz parte de uma transição planejada entre a emissora e o apresentador e colocará César Tralli ao lado de Renata Vasconcellos na bancada.
Bonner entrou para a história do JN não só pela longevidade, já que são 29 anos na bancada e 26 como editor-chefe; mas pela forma como se consolidou como referência do “lide” e da escalada, que é a abertura curta, direta e com o tom que prepara o telespectador para os blocos seguintes. A mudança de postura do telejornal e a assinatura editorial que o âncora imprimiu fazem parte da memória dos brasileiros.
Entre os plantões e escaladas que marcaram sua carreira, são destaque:
A cobertura dos atentados de 11 de setembro de 2001
Naquele dia, o “Jornal Nacional” interrompeu a programação para atualizar o público sobre os ataques e as imagens que chegavam dos Estados Unidos, numa das jornadas de plantão mais intensas da história recente do telejornal. A edição foi ampliada para dar conta da repercussão internacional.
“Uma terça-feira que vai marcar a história da humanidade”, afirmou Bonner, seguido por Fátima Bernardes enfatizando que “a maior potência do planeta é alvejada pelo terror”. A Globo dedicou uma edição especial de uma hora ao vivo, com uma equipe reduzida mas mobilizada, que conseguiu reunir uma “riqueza de informações brutal”, como reconheceu o próprio Bonner ao relembrar o episódio. O JN alcançou 74% de audiência, ou seja, 74 de cada 100 televisores ligados no país estavam sintonizados na Globo. O recorde foi marcante no ano de 2001.
A despedida do jornalista Tim Lopes em 2002
Um dos momentos mais emocionantes da história recente do “Jornal Nacional” foi a despedida do jornalista Tim Lopes, torturado e executado por traficantes da Favela da Grota, no Complexo do Alemão, Rio de Janeiro. Após o anúncio oficial de sua morte, confirmada em julho de 2002 por meio de um exame de DNA, o telejornal dedicou cerca de 25 minutos na edição do dia 10 de junho para prestar homenagem ao repórter. Bonner leu um texto emocionante, se dirigindo diretamente a Tim, e encerrou a transmissão com aplausos. A equipe vestiu preto e se ergueu para aplaudir o colega ao vivo.
Apresentação diretamente da Estação Espacial Internacional em 2006
Bonner inovou ao apresentar o telejornal em um link ao vivo com o astronauta Marcos Pontes. Ele conduziu uma edição especial por meio de um link direto com a Estação Espacial Internacional (ISS) durante a Missão Centenário. Não era apenas um plantão, mas um símbolo da ambição científica nacional transmitido com a segurança editorial característica do jornal. A escolha temática deu voz não apenas aos acontecimentos domésticos, mas também às conquistas brasileiras no espaço.
A trágica morte da adolescente Eloá Pimentel em 2008
Outra edição que virou referência foi a do sequestro de Eloá Pimentel. A cobertura intensa e sensível desse caso rendeu ao JN uma indicação ao Emmy Internacional. Após quase cinco dias de cárcere, que incluíram negociações tensas, repercussão nacional e intensa mobilização da equipe, o “Jornal Nacional” interrompeu sua programação para transmitir o plantão ao vivo, conduzido com sobriedade por William Bonner e Fátima Bernardes.
Logo após o desfecho, o JN aprofundou sua cobertura com reportagem especial. Com auxílio de peritos e análise de imagens, o telejornal desconstruiu a versão inicial apresentada pela polícia.
Processo de impeachment de Dilma Rousseff e mais em 2016
As escaladas e os blocos do JN tiveram papel central na construção e no acompanhamento da cobertura dos desdobramentos do rito político, com Bonner à frente nas edições que acompanharam as votações e as decisões do Senado. Nesta época, o telejornal passou a ser referência para quem buscava o resumo dos acontecimentos, com a marca da centralidade do telejornal no debate público.
No dia 17 de abril de 2016, o JN suspendeu sua programação normal e se dedicou ao processo, com Bonner no estúdio conectando reportagens ao vivo que vinham de Brasília e das principais capitais do país. A Globo ficou no ar por 491 minutos consecutivos, mais até que nos plantões de 11 de setembro de 2001.
Em 2016 o ano também foi marcado por plantões intensos por outros motivos – da tragédia com a Chapecoense aos acidentes e eventos que exigiram interrupções rápidas da programação.







