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“Foi histórico”, diz CEO do Oscar sobre impacto dos brasileiros com “Ainda Estou Aqui”

05/10/2025

CEO da Academia afirma que o engajamento do público do Brasil superou até o Super Bowl e mudou a forma como Hollywood enxerga o país




Uma simples foto de Fernanda Torres, publicada nas redes da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, virou um divisor de águas para o Oscar. A declaração é de Bill Kramer, CEO da instituição que organiza a maior premiação do cinema mundial, em visita ao Rio de Janeiro para participar do Festival do Rio nesta última sexta-feira (3/10).


“Em novembro, tivemos a cerimônia do Governors Awards, com a entrega dos Oscars honorários. A Fernanda compareceu. Postamos uma foto dela e tudo explodiu. E nunca mais voltamos a ser como antes. Foi tanto engajamento, tanto amor, tanto apoio, tantos comentários em português. Ficamos muito felizes, porque é o que buscamos como organização”, afirmou Kramer em entrevista ao portal O Globo, lembrando o impacto da publicação feita em novembro de 2024.


A imagem da atriz de “Ainda Estou Aqui”, postada quando ela já despontava como possível indicada ao prêmio, recebeu milhões de curtidas e se tornou um fenômeno digital. O engajamento foi tamanho que, segundo Kramer, superou o das redes do Super Bowl e do Grammy, dois gigantes eventos da cultura pop americana. “Foi histórico. Ver toda a empolgação em torno de ‘Ainda Estou Aqui’, o crescimento de nossas mídias sociais, o aumento da audiência da cerimônia na América Latina, foi tudo muito empolgante. Foi incrível ver vídeos das pessoas parando o carnaval para assistir à premiação nas ruas do Brasil”, disse o executivo.


O entusiasmo se traduziu em resultados concretos. “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, conquistou o primeiro Oscar na categoria “Melhor Filme Internacional” da história do Brasil e levou Fernanda Torres à disputa de “Melhor Atriz”. “O movimento certamente fez os votantes prestarem atenção no filme e na atuação dela”, reconheceu Kramer.


A vitória do longa brasileiro consolidou uma virada histórica. Para o CEO, o sucesso representa o amadurecimento da relação entre a Academia e as produções fora dos Estados Unidos. “Walter Salles é um diretor excepcional que vem fazendo grandes filmes há muitos anos. É um amigo da Academia. […] Ele receberá um prêmio que celebra sua incrível colaboração para o cinema global”, declarou Kramer, adiantando que o diretor será homenageado no próximo dia 18 de outubro com o Luminary Award, durante a quarta edição da Academy Museum Gala, em Los Angeles.


Desde a vitória de “Parasita”, em 2020, a Academia vem promovendo mudanças para ampliar a diversidade entre seus membros e premiar histórias de diferentes culturas. Hoje, cerca de 20% dos mais de 11 mil votantes vivem fora dos Estados Unidos, sendo 200 membros da América Latina e 60 deles brasileiros.


A visita de Kramer ao Brasil incluiu uma série de encontros com artistas e produtores locais. Em um jantar promovido pela Globo, o executivo dividiu a mesa com nomes como Regina Casé, Dira Paes, Rodrigo Santoro, Leandra Leal e Walter Carvalho, além da atriz francesa Juliette Binoche. Em tom descontraído, o CEO celebrou o laço cada vez mais forte entre o país e a Academia. “Fernanda é uma atriz excepcional, um ser humano adorável. Pude sentar com ela no último Oscar, foi uma noite maravilhosa”, elogiou ele.


A próxima edição do prêmio está marcada para 15 de março de 2026 e contará com o retorno do apresentador Conan O’Brien. Kramer espera que a audiência continue crescendo, após o recorde negativo de 2021, no auge da pandemia.


Sobre as novas produções brasileiras, ele evita favoritismos, mas não esconde o entusiasmo por “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho, escolhido para representar o país.



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